segunda-feira, 14 de julho de 2008

Passeio

tudo rodando tão estranho... escuro... onde estou? oO quando vim parar aqui? lugar tão estranho... o chão cheio de coisas bagunçadas... balançando como se estivesse na água... talvez consiga até nadar... coisas escuras em volta de mim... árvores? postes? pessoas? em volta delas uma cortina espessa... névoa? fumaça? nuvens? ando dançando no balançar desordenado do vai e vem das ondas para chegar perto e ver melhor... é tudo tão seco e parece se liquefazer no ar... ar?

caindo para a direita no embriagado das ondas eu olho para a esquerda e vejo uma foto indiferente à todo esse ritmo macabro da situação... passeia parecendo nem estar ali...

a imagem da foto e um momento feliz... congelado... que não pertence ao espaço em que foi colocada... porque significa mais que algo no espaço... a moça divertida no meio das amigas e namorados (?) (tá. possíveis, pelo menos.) numa cena que não pertence ao espectador... numa cena que existe indiferente à existência de qualquer um... principalmente à do espectador...

tropeço e caio com maciez... flutuo... tropeçei em um eumesmo que estava ali pasmo observando a situação...

eumesmo ali pasmo observando a situação... o espectador semfim, impotente...

continuo caindo... acima de mim vejo bonecos de pelúcia e tentativas... tentativas dos espectadores, figurantes e protagonistas em atuar na imagem... espectativas... ali a minha no meio!! uma sapinha preenchida com microparticulas de isopor.. ela no meio de tantas... e tentando no meio de tantas tentativas querer aparecer...

continuo caindo... e ao lado vejo jóias... a moça e suas tentativas de roubar a cena nos teatros da mente dos outros... ela tão linda... e se arrumando para parecer linda... e nem precisou delas pra chamar minha atenção...

vou de encontro ao chão... preparo o corpo para o impacto mas mergulho nele... e vejo o subsolo... e tanta gente como eu... com seus olhares nos bichinhos de pelúcia, nas jóias e olhares da moça lá de cima... todos espectadores na espectativa de uma esperança... de um olhar... em tanta busca de olhares e em nenhum se encontrando... jóias e sapos... e espectadores com seus sapos e protagonistas com suas jóias... e figurantes nas fotos alegres com protagonistas alegres...

e aquela que é o centro disso tudo... com fotos, sapos, jóias e protagonistas... e tanta gente no subsolo... sem autoestima, sem fotos, sem sapos, sem jóias e protagonistas de nada... espectadores...

e um quarto com jóias, sapos, espectadores e tentativas... e fracassos... e olhares com nenhum se encontrando... encotram jóias, fotos, sapos e protagonistas... nenhum se encontra... muito menos pros espectadores... do subsolo...

e vejo lágrimas... do espectador... perdido... eu.