quarta-feira, 8 de outubro de 2008
Hiato
sábado, 27 de setembro de 2008
Diferente
sábado, 20 de setembro de 2008
Música nova, Música velha
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
Caos
domingo, 3 de agosto de 2008
Fim de um mundo
Pra resumir, longe. Realmente longe. Em todos os sentidos e dimensões. Era assim no mundo real. Em todos os mundos, na realidade. Exceto em um que teimava em existir: uma abstração absurda na cabeça dele, do lado de cá do universo. Como matéria sobrevivia em uma pequena coleção de fotos dela no celular. Como ideologia, um conjunto de pensamentos desconexos que a idealizavam de longe. Teima em existir?
Algo que existe é que é perceptível pelo senso comum. Que possui ligações com o que chamamos de realidade. Outras pessoas ligadas à realidade poderiam ligar-se à algo que existe, formando uma rede. Quem pode ligar-se à abstração do nosso personagem além dele mesmo? Mesmo que mostre as fotos ao seus amigos e dite as regras se sua ideologia, é inteligível. Distante. Seus amigos não conhecem o mundo encantado por trás de suas palavras perdidas.
Chamamos uma pessoa que se liga à uma realidade inexistente e se desliga da existente de louca. Ela perde a capacidade de ligar-se com os elementos da realidade porque perde tempo ligando-se aos elementos da abstração. É o cara que não vê que vai ser atropelado por um caminhão porque está admirado com o elefante corderosa que voa acima dele.
Como a abstração tem um expectador que querendo ou não é real, podemos considerar que pelo menos pra ele é real. Podemos então considerar que existem diversos níveis de realidades, alguns comuns, alguns excêntricos.
Um louco é então quem cria a sua própria realidade excêntrica e se insere nela, ignorando as realidades alheias.
Pessoas ditas loucamente apaixonadas costumam ignorar o mundo exterior em detrimento de uma realidade interior que envolve a pessoa amada.
O amiguinho da história é louco? Sim. Porque esteve loucamente apaixonado. E porque tornou-se próximo à algo que nunca foi, num mundo corderosa que voava acima dele. E o caminhão o atropelou.
Agora está acordando no mundo real. Com vagas lembranças corderosa e fotos num celular.
segunda-feira, 14 de julho de 2008
Passeio
caindo para a direita no embriagado das ondas eu olho para a esquerda e vejo uma foto indiferente à todo esse ritmo macabro da situação... passeia parecendo nem estar ali...
a imagem da foto e um momento feliz... congelado... que não pertence ao espaço em que foi colocada... porque significa mais que algo no espaço... a moça divertida no meio das amigas e namorados (?) (tá. possíveis, pelo menos.) numa cena que não pertence ao espectador... numa cena que existe indiferente à existência de qualquer um... principalmente à do espectador...
tropeço e caio com maciez... flutuo... tropeçei em um eumesmo que estava ali pasmo observando a situação...
eumesmo ali pasmo observando a situação... o espectador semfim, impotente...
continuo caindo... acima de mim vejo bonecos de pelúcia e tentativas... tentativas dos espectadores, figurantes e protagonistas em atuar na imagem... espectativas... ali a minha no meio!! uma sapinha preenchida com microparticulas de isopor.. ela no meio de tantas... e tentando no meio de tantas tentativas querer aparecer...
continuo caindo... e ao lado vejo jóias... a moça e suas tentativas de roubar a cena nos teatros da mente dos outros... ela tão linda... e se arrumando para parecer linda... e nem precisou delas pra chamar minha atenção...
vou de encontro ao chão... preparo o corpo para o impacto mas mergulho nele... e vejo o subsolo... e tanta gente como eu... com seus olhares nos bichinhos de pelúcia, nas jóias e olhares da moça lá de cima... todos espectadores na espectativa de uma esperança... de um olhar... em tanta busca de olhares e em nenhum se encontrando... jóias e sapos... e espectadores com seus sapos e protagonistas com suas jóias... e figurantes nas fotos alegres com protagonistas alegres...
e aquela que é o centro disso tudo... com fotos, sapos, jóias e protagonistas... e tanta gente no subsolo... sem autoestima, sem fotos, sem sapos, sem jóias e protagonistas de nada... espectadores...
e um quarto com jóias, sapos, espectadores e tentativas... e fracassos... e olhares com nenhum se encontrando... encotram jóias, fotos, sapos e protagonistas... nenhum se encontra... muito menos pros espectadores... do subsolo...
e vejo lágrimas... do espectador... perdido... eu.
segunda-feira, 30 de junho de 2008
AMAR, experiências e verbos intransitivos
Você passa pela sala tentando imaginar como o autor daqueles acordes conhecia tão bem seu gosto musical, ao ponto compor a melodia exatamente como deveria ser composta. Para você. Perfeitamente.
O quadro no final da sala usa suas cores favoritas. A mistura dos tons é exatamente a que chama sua atenção. O tema do quadro, "É claro! Como eu não havia pensado nisso antes?", é perfeito. Como se fosse meu.
Recorte as citações das quais mais goste e coma. Sinta a vibração das melhores ondas sonoras na superfície de um copo com água e beba. Vista a tela da imagem e faça dela uma roupa sua. Aproveite se puder.
E você não pode. Não no seu caso. A casa não é sua. Você não tem todo esse arcabouço de sentimentos que o completa.
Ensaie seus passos para fora! Esqueça que tudo isso existiu! A porta aberta que o fez conheçer essas emoções é a que o convida a sair!
E os contos? as músicas? as imagens? toda essa identificação? Besteira! Não é seu! Não é seu! A Sala não o quer lá! Acha que houve reciprocidade?
Acha que há reciprocidade?? Todas aquelas letras juntas pelo mesmo sentimento que o seu não precisam de você; Os conjuntos de instrumentos transmitindo emoções tão belas sobreviverão à eternidade perfeitamente você existindo ou não; os conceitos das imagens irão tocar outras pessoas.
E com andando devagar, já ao longe você olha pra trás e lê nos lábios da casa: "Saia daqui. Só você se completou."
BlogBlogs.Com.Br
domingo, 29 de junho de 2008
hipomania
O fato é que se sentia como se estivesse indo dormir quando acabou de ter uma grande idéia. Como se estivesse fazendo nada do que poderia ser muito. E queria fazer alguma coisa. Sentia-se capaz de fazer tudo. Desde que tivesse a capacidade de descobrir o que precisava ser feito.
E o que precisava ser feito? Ele não sabia. Olhou para o lado e viu o ponto de ônibus. O dele sempre demorava a passar. Mas pegá-lo significava ir para a casa e excluir uma pequena infinidade de possibilidades a serem realizadas. Por que ele podia realizar muito. Só não sabia o que precisava ser realizado.
Decidiu ir para o centro. Lá havia muitas coisas a espera de serem feitas. Pegou um dos ônibus que iam naquela direção e partiu pra lá. Sentado no meio das fileiras, talvez querendo ser incomodado para ter algo sobre o que pensar, foi todo o caminho sem ser incomodado. Balançava as pernas e estalava todos os dedos da mão e sentia falta de sua música e olhava em volta. Tremia um pouco e não era o suficiente para descarregar toda aquela carga de stress.
Quando chegou no ponto, olhou em volta e, com sua visão além do alcançe, lembrou do shopping próximo. Foi pra lá sem pensar.
Pouca gente. Voltas e voltas. Do primeiro ao último andar, sucessivamente. Olhava tudo. Pouco o agradava. Tinha dores de cabeça. Sentado nas mesinhas da praça de alimentação, tinha o olhar nos letreiros das lojas. Não decidiu comer, mas foi comer.
Os lanches agora eram alvos de ataques.
O primeiro. Estava até com um pouco de fome, mas não era por isso que comia. Este foi alvo da ansiedade. Mordidas ferozes e rápidas eram a forma que seu corpo encontrou para chicotear a ansiedade no lanche.
O segundo. Agora já parava para pensar. Mordia e pensava no quanto poderia estar fazendo e estava ali comendo. Usava a raiva. Não era capaz de fazer algo melhor. Tanta coisa que precisava ser feita... Tantos relacionamentos mal resolvidos, matérias mal estudadas e vontades... Muita raiva.
O terceiro. Começava a desanimar. Perdeu muito de todo aquele potencial. Agora, da pequena infinidade de possibilidades, ele tornou-se apenas um estudante entediado afogando mágoas em sanduíches. Eram as mordidas do desânimo que controlavam seu pequeno ritual.
O quarto. Agora tinha certeza de que era um miserável. Ele é um miserável.
"E a vida oscila, como um pêndulo, entre a dor e o tédio."Arthur Schopenhauer
domingo, 22 de junho de 2008
Memória
Dos passos adestrados em direção ao edifício
Aos passos perdidos na multidão
Passa pelo caminho de sempre para alcançar o portão
Procurando uma trilha entre as pessoas e rumo ao encontro
Esperado encontro, vê o porteiro conhecido.
Encontro cheio de dúvidas, como esperar
Atravessar o corredor até o elevador. Não é tão estranho
Quanto a possível reação dela,
O som do elevador chegando é familiar
Como a tensão do momento decisivo.
A diferença é o estado de espírito.
E abre a porta de casa.
E a encontra.
Reconhece os caminhos da sala
E perde-se ao dizer tudo o que julga importante
Senta-se no sofá para não cair
E ouve tudo o que ela julga importante.
Perdendo-se num turbilhão de memórias.
Mostrando a marca doída do “não correspondido”,
Agora sabe onde está seu corpo.
Vendo ela lhe dar as costas,
Sabe onde está sua mente:
Ela foi embora
Junto com seu coração.
sábado, 21 de junho de 2008
Consiência
-28 metros
Pelo jeito já faz muito tempo que o sinal está verde. Todos os carros que esperavam antes da faixa de pedesdres já estavam muito além dela. Aquele sim estava quase sincronizado, ao contrário da maioria dos semáforos da cidade. Ele estava quase vendo o sinal tornar-se amarelo. Nem estava assim tão rápido para aquela rua. E ele viu
-14 metros
o sinal tornar-se amarelo. Perder todo o embalo, reduzir a marcha, perder tempo, tirar o pé do acelerador, perder paciência, pé no freio... Puta merda, viu! E o carro rápido... Pelo jeito a freiada vai ter que ser brusca... Mas de
-2 metros
qualquer forma não há mais tempo. O sinal acabou de fechar. Esse cruzamento nem é tão movimentado assim. Ia dar muito mais trabalho parar. "Vou dar uma buzinadinha e fica tudo
8 metros
E a buzina se mistura com o som da outra buzina, o som dos pneus arrastando, o silêncio da apreensão e o estrondo esperado da seqüência. Auto-punição
8 metros
pós-trauma. De um erro besta. Do tipo que todo mundo acha que sabe que estava errado. Ele acha que estava errado. Mas ao pesar na balançinha mental
-2 metros
os prós e contras da decisão ele optou por fazer. Optou pelo o que achou melhor na comparação simplista do vou/nãovou feita no momento da escolha. Optou pelo o que lhe era mais cômodo. Pelo o que considerou
8 metros
certo. Mas agora diz que estava errado. E agora livre da adrenalina do momento afirma
9 metros
"Ultrapassar sinal vermelho? Não! Eu em sã consiência nunca faria isso! Eu sei que eu estava errado mas ..." E defende-se. E coloca a culpa no outro. E coloca a culpa na impulsividade da situação. É sua forma de afirmar que ele nunca faria isso. Sua forma de afirmar que não é um transgressor de regras. Ele nunca faria isso. E diz que sabe estar errado para defender-se mas
8 metros
optou por fazê-lo.
sexta-feira, 20 de junho de 2008
Cacos
Acredite. Abrir os olhos é mais traumatizante.
Amar quem não merece é uma coisa.
Descobrir que não merece é outra.
Como faz falta a aura que desenhei em volta dela… Que a protegia da minha razão impessoal, esclarecedora e inconseqüente. Como eu era antes dela. E como ela me preveniu de ser. Como eu queria continuar sendo. Pra continuar amando.
A infeliz razão me fez ver o que não iria nunca acontecer, mas que o amor mostrava. A triste verdade que se escondia nas mentiras que amava tanto. Amava cada mentira daquelas. Que construí com tanto amor.
Eu a amava e ela morreu. Cada mentira. E sinto falta. Mas confio na razão. Ruim é amar mentiras. Elas somem. E confio no tempo. Que cobrirá as mentiras com o pó do desuso e meu amor com mais razão. E amarei outra coisa.
Se é que a verdade é amável.
Fagia
Colocou varias variedades de salada no primeiro estrato de comida e cobriu com azeite e sal. Foi em direção ao arroz e colocou aquele arroz temperado típico da comida chinesa que ele não sabia o nome em cima da salada espalhada pelo prato. Em cima disso colocou o feijão preto. Ainda em cima colocou o yakissoba.
O dono do restaurante, vendo a estrutura escolhida pelo cliente interviu: "Assim misturando tudo perde o gosto das coisas..."
Sem graça, nosso amigo replicou "É o costume..." e sorriu meio sem graça depois de olhar a bagunça.
Sentou-se sozinho na mesa e foi iniciou o ritual do almoço. Misturou a primeira porção de comida e se empenhou no consumo da montanha de comida.
E na primeira garfada que levou em direção à boca, ao mastigar sentiu a explosão macia do pepino com azeite... Ele não lembrava o gosto de pepino tinha aquele som. Sorriu para si mesmo pela descoberta. Era nostalgico.
A segunda garfada trazia mais uma complexa combinação de gostos, sons e cores. Ela também o impressionou sinestesicamente quando apertou com os dentes a textura firme do macarrão do yakissoba. Estava realmente no ponto. "Aquelas cozinheiras sabem preparar uma boa comida", pensou.
E os estimulos vinham de todos os tipos para seus sentidos. E a cada vez que levava o garfo à boca escolhia um para roubar sua atenção. Nunca tinha pensado o quanto almoçar exigia empenho para compreender o que era ingerido.
A festa de seus sentidos durou até o último grão de arroz.
Sempre se empanturrava, e só agora podia dizer que estava satisfeito.
Ao sair acenou agradecido para o Chinês. A mensagem foi entendida.
Bem, e você?
Paciente: Ando com um zumbido no ouvido nos últimos dias
Médico: E o resto da saúde?
Paciente: Ahh, eu tenho uma saúde de ferro!
Médico: Anda tendo dor de cabeça?
Paciente: Quase todos os dias …
Médico: Teve tontura?
Paciente: Sempre que eu sinto a dor de cabeça ….
Médico: E a garganta?
Paciente: Parece que tem uma colher de sal nela …
Médico: Intestino?
Paciente: Não funciona a muito tempo …
Médico: Anda dormindo bem?
Paciente: Não.
Médico: Você tá estressado, né?
Paciente: Bastante … =\