quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Hiato

Eu sentado aqui pensando no que foi meu dia. Balançando o lápis em cima de uma folha em branco, com vontade de desaguar todos os sentimentos nela. Uma folha em branco que me é tão reveladora sem dizer coisa alguma... Nela cabe tudo o que poderia escrever sem mal caber o que escrevo, por ela passa tudo o que penso firmando apenas as palavras mais efetivas. E passa tudo o que penso ficando, contra a minha vontade, só o mais lógico.

Aqui, pensando no meu dia... Agora pouco estava com vontade de sair correndo... Correr até deixar pra trás os pensamentos... Correr até nem sentir a imagem das ruas se liquefazendo e perdendo a importância, perdendo a forma pra mim... Vontade de correr pra lugar nenhum e deixar no caminho tudo o que me atrapalha. E quando corro, contra minha vontade, tudo isso me acompanha.  

Pensando no meu dia... Em que passei tanta vontade... Vontade de imaginar como seria, abraçar o futuro e respirar seu ar familiar e amigável. Imaginando e se tornando íntimo da situação, conhecer suas relações, criar soluções pra seus problemas e ser acordado para a realidade na despedida. Vontade de demorar pra responder... Vontade de hoje fazer diferente... Transbordar livros e livros com o sentimento mais ilógico, correr até abandonar a carcaça que deixa o corpo denso, arquitetar o destino mais perfeito,

Pensando... tchau..

sábado, 27 de setembro de 2008

Diferente

Hoje acordei me sentindo estranho, acho que sentindo uma coisa a menos... Sem ela me revirei diferente na cama, olhando para as paredes de cores e texturas diferentes de sempre. Levantei meu corpo diferente e caminhei em círculos estranhos pelo quarto estranho e pela sensação estranha. 

Pela janela, a claridade diferente de sempre me espanta os olhos admirados. Pela janela, a paisagem diferente de sempre, com seus mesmos elementos de todas as manhãs diferentes se mostram com cuidado, como sempre. E hoje, diferente.

Pela porta, os muitos caminhos diferentes de sempre vão perdendo suas infinitas possibilidades e se concretizando em vias únicas diferentes, como sempre. E hoje, diferente.

O gosto da pasta de dentes. O frio das roupas penduradas nos cabides. O barulho do abrir da porta convidando-me para sair. Tudo de sempre. Tudo diferente.

Porque fui dormir diferente ontem, hoje acordei diferente. Acordei me sentindo como a muito tempo não me sentia, acho que com algo a menos. Fui dormir diferente ontem porque brinquei com palavras, fiz poemas e enderecei.

Dormi diferente porque voltaram, voltaram rasgados. Dormi diferente porque juntando seus pedaços procurei pelo o que hoje já não encontro: o algo perdido. Sem isso acordei estranho. 

Hoje, acho... Acho que estou me sentindo... BEM... 

E o algo continua perdido: a vontade de juntá-los.

sábado, 20 de setembro de 2008

Música nova, Música velha

E te conhecendo viajei, fiz desenhos no ar da imaginação. Passeei pela tua presença e no desenho coloquei teu perfume e tuas cores com a nitidez do presente, do próximo. E nos acordes das melodias em que me fez viajar desenhei todos os sentimentos que senti, como que pela primeira vez, com o entusiasmo de uma primeira vez, marquei e reforcei que eram vivos.

E te admirando continuei, já nada era tão novo mas tudo ainda tinha seu encanto de estreia. Ainda admirava o sentimento que causava retocar o sentimento que desenhei.

E te conheci. Quanto tempo faz? Muito talvez, não importa. Importa é que hoje, quando tocam a melodia que me faz caminhar pelos meus desenhos, caminhei apenas por lembranças. Ouvi notas decoradas com desenhos amarelados de um sentimento longínquo. O perfume já estava distante na memória.