sexta-feira, 20 de junho de 2008

Fagia

Como na maioria, naquele dia foi almoçar no restaurante do chinês, que misturava comida oriental e brasileira, perto de sua casa. Entrou na fila, pegou seu prato e começou a montar refeição de sempre.

Colocou varias variedades de salada no primeiro estrato de comida e cobriu com azeite e sal. Foi em direção ao arroz e colocou aquele arroz temperado típico da comida chinesa que ele não sabia o nome em cima da salada espalhada pelo prato. Em cima disso colocou o feijão preto. Ainda em cima colocou o yakissoba.

O dono do restaurante, vendo a estrutura escolhida pelo cliente interviu: "Assim misturando tudo perde o gosto das coisas..."

Sem graça, nosso amigo replicou "É o costume..." e sorriu meio sem graça depois de olhar a bagunça.

Sentou-se sozinho na mesa e foi iniciou o ritual do almoço. Misturou a primeira porção de comida e se empenhou no consumo da montanha de comida.

E na primeira garfada que levou em direção à boca, ao mastigar sentiu a explosão macia do pepino com azeite... Ele não lembrava o gosto de pepino tinha aquele som. Sorriu para si mesmo pela descoberta. Era nostalgico.

A segunda garfada trazia mais uma complexa combinação de gostos, sons e cores. Ela também o impressionou sinestesicamente quando apertou com os dentes a textura firme do macarrão do yakissoba. Estava realmente no ponto. "Aquelas cozinheiras sabem preparar uma boa comida", pensou.

E os estimulos vinham de todos os tipos para seus sentidos. E a cada vez que levava o garfo à boca escolhia um para roubar sua atenção. Nunca tinha pensado o quanto almoçar exigia empenho para compreender o que era ingerido.

A festa de seus sentidos durou até o último grão de arroz.

Sempre se empanturrava, e só agora podia dizer que estava satisfeito.

Ao sair acenou agradecido para o Chinês. A mensagem foi entendida.

Nenhum comentário: